End..

Enfim os motivos acabaram. O tal dia chegou ensolarado de novidades, que de um golpe só me tirou o fôlego. Finalmente acabou. Você imagina tanto uma coisa, mas não pára pra pensar no que será de você quando o dia chegar. Alimenta tanto um desejo, mas não está pronto para vivê-lo. Não quer adiar, mas quando enfim acontece, você atingiu seu ponto e pronto. É como terminar de ler um livro, você quer logo saber o fim da história, e quando termina se vê sem rumo. Então precisará criar um novo objetivo, ler um livro novo, imaginar uma nova história pra sua vida.

Não entendo o que de fato sinto agora, se é tristeza ou alegria, ou talvez um misto. Fez-me bem, e só isso importa.

Nada além de palavras

Às vezes me pego pensando em você e nos momentos que não vivemos. Tão raro foi que nem se quer existiu. Não passamos de palavras, dos trechos de música correspondidos, do abstrato. O sentimento que nutríamos nunca saiu do rascunho, nunca foi posto à prova.

Que sentimento era aquele que nunca saiu das palavras? Que nunca correu atrás pra fazer jus ao que era dito? Meu coração por um longo tempo foi seu, mas parecia ter medo da responsabilidade de tê-lo em mãos.

Eu queria ter vivido algo muito além de simplesmente uma troca de olhares em um lugar tumultuado e um sms dizendo “quero te encontrar”. Você diz que o destino foi injusto, mas não percebeu o tanto de chances que desperdiçamos.

Ainda hoje me pergunto se tudo isso que vivemos foi real ou se não passou de uma ilusão muito bem elaborada da nossa cabeça, de uma história que colocamos em um pedestal acreditando não sermos merecedores de alcançá-la.

Agora estamos muito mais distantes, e o sentimento, cada vez mais extinto. Já você se esquece de mim. Já eu me esqueço de você. Já que não deixamos nada memorável além de palavras.

Só mais esta taça

A tua voz soou de imediato em minha mente,

Quando em uma tentativa fracassada

Tentei te esquecer me deixando levar por outros braços.

E nessa contradição ridícula

Afinal foi você quem abandonou minha vida

E sou eu quem se esgota de tanto sofrer,

De tanto querer te encontrar em caricias que jamais serão como as suas.

Eu te perdi no momento em que teus olhos se esquivaram dos meus

E em outros olhos passou a se estabelecer, e se perder, e se encontrar.

Ele me oferece mais uma taça de vinho

E eu só sei confundir seu nome e pedir desculpas,

E no meu intimo te buscar, me perguntar onde está

Quando de fato já sei.

Aceito então, só mais esta taça

Em apoio ao meu esforço insistente de deixar-te no passado,

Enquanto perco a noção do que faço

E me refaço

Correndo na direção contraria às suas lembranças.

Mais uma taça de vinho e que venha de brinde melhores inspirações, por favor.

O homem certo, a mulher errada

Hoje decidi que não quero mais te agredir, com minhas palavras ríspidas e desmerecidas. Decidi que deixarei meu ego ferido pra outra hora, ou outra pessoa que mereça. Em meio aos meus gritos na cafeteria, em plena manhã de domingo, enquanto tudo parecia girar ao meu redor, fitei teus olhos perdidos como quem desconhece a si mesmo, como quem, mesmo certo, passa a acreditar que é um monstro. Teus olhos que diziam “você está certa, meu bem” e eu fingida, como quem chuta cachorro morto, te deixando constrangido e, mais uma vez, se sentindo culpado. Sei que já deve ter perdido as contas das vezes em que te tratei como alguém qualquer, assim como as vezes que me perdoou logo em seguida e me amou incondicionalmente logo após eu prometer mudança, tantas vezes.

E agora você está trancado neste teu escritório, dando a vida por um trabalho medíocre que não merece o teu suor. Sei que esse teu escritório tem sido desculpa pra evitar brigas, enquanto você passa a noite em claro, eu de cansada de esperar-te em nossa cama, adormeço e quando acordo, encontro o café pronto e um bilhete de “até logo”. Você evita tocar no assunto porque com os inúmeros defeitos que tenho, você ainda crê que eu possa voltar a ser a garota que um dia você se apaixonou e na outra semana pediu em casamento.

Agora, enquanto a verdade cai nua diante meus olhos, enquanto minha voz cessou de tanto insultar-te e receber apenas o silêncio de quem está com a alma aos prantos, agora também eu choro e peço pra que tenhas coragem de revidar ou simplesmente me abandonar. Quero te libertar desta prisão que tem sido nosso casamento, já que nunca fui merecedora de tal amor com que me suportou durante todos estes dias. Estes dias que foram desgastantes, amargos, chorados...

A verdade é que nunca fui dessas que se poderia entender, dessas que se revelam maravilhosas esposas ou que aceitem flores naturalmente. Nem mesmo teus olhos apaixonados foram capazes de mudar minha indiferença durante este casamento. Nem mesmo teu sorriso sonhador ao ver os filhos dos nossos amigos foi capaz de me criar vontade de engravidar. Eu nunca fui a garota certa pra você, mesmo que você tenha sido o homem certo pra mim.

Hoje te deixo sem explicar, mesmo sabendo que você entende que eu sempre fui como pássaro que nunca se conformou em deixar de voar.

Ufa! Enfim retorno a estas linhas. Não sei quando este fenômeno sobrenatural (inspiração) vai fluir de novo, mas enquanto isso vamos sorrir por eu ter escrito algo, mesmo que triste. 

Escasso

As palavras se evaporaram na boca seca,

Que de tão seca não alcançava mais o timbre da alma,

Alma está que se calou diante “mais mente e tão pouco sentimento”.

Eu queria que o tempo tivesse permitido momentos para ter o que te dizer agora

Mas tão rara foi a nossa história, que nem si quer existiu.

O clamor escasso que nem si quer se escuta,

Eu passo os dias como uma insensível que nunca precisou de um coração

E o que me resta é a saudade do que não existiu entre nós e tantos outros.

E eu queria dizer mais coisas, mas se foram as palavras, as rimas

Assim como o som desta alma que antes era incessante e agora é raro.

Espelho ambíguo

Mostre-me algo distinto

Deste espelho ambíguo,

Que reflete estas minhas tristezas e alegrias,

Que me rebaixa e exalta.

Eu estive pensando no amor

Que não me move, não me muda,

Surjo então com meus pensamentos nus,

Para que caia em verdade este anseio que sempre foi claro,

Esta voz que soa, sem disfarces, do fundo do meu coração.

Perceba, ó felicidade,

Que enquanto tantos te desdenham, eu te quero.

E enquanto eu corro pra este destino louco

Rebaixo as guardas, as muralhas,

Pra que venha da forma que for

Embriagar-me de felicidade.

E que estes versos, dispersos e sem rima,

Possam, um dia, fazer o sentido

Que meu coração sempre procurou.

(não sei se posso dizer que "bateu a inspiração" porque estes versos quase não fazem sentido nenhum pra quem o lê) Após um bom tempo, voltei a escrever. E vamos torcer pra que a faculdade me dê de presente umas folguinhas de vez em quando.