Amantes de guerra


Esta estrada não parece a mesma da qual bailávamos entre pernas bambas à luz da lua, após doses inteiras de uísque. Teus olhos rasos se tornaram profundamente obscuros. Eu nem mesmo sei onde exatamente nos afastamos, na faculdade ou neste casamento furado.
As fotos revelam o quanto um dia nos amamos. Nelas estão guardadas as lembranças da faculdade, da qual apesar de estúpida, eu só resolvi fazer por sua causa. Intervalos inteiros você me provocava até terminarmos no “achados e perdidos” fazendo amor.
Era tempo de guerra, revolução. Éramos aqueles que entravam em conflito com os militares, fingíamos estar bêbados enquanto bolávamos algo contra a imposição do governo militar. Brincávamos com o perigo enquanto a adrenalina nos impulsionava a ir mais longe, a ousar.
E então, meu bem? Onde nos perdemos? Teus olhos não brilham mais como em tempos de guerra. Talvez o que movia nosso amor era aquela sensação extasiante de se amar mesmo na dor, mesmo que o país quisesse aprisionar as paixões e os pensamentos.
Este pó e silencio que se alastrou no ar após o fim de tudo, também nos esfriou. Podíamos ser bem mais do que somos agora, amantes presos a um passado memorável.

8 comentários:

  1. Amei o texto. A história, inovadora. A escrita de uma sensibilidade incrível.

    Beijos

    O mundo sob o meu olhar

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  2. Estou encantada com o layout do seu blog, de verdade. É tão bonito! E a sua escrita também, tem um toque de doçura e de intensidade. É uma pena que a chama do amor tenha se apagado assim que a guerra terminou. Mas muitos relacionamentos se acabam assim, a chama da paixão acaba depois que a novidade acabou.
    Bem, eu volto mais vezes, pois adorei aqui.
    Um beijo, @pequenatiss.

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  3. Que texto incrível! Estou meio que sem palavras para descrever tudo o que senti ao lê-lo, não sei por onde começar. Bem, o que me chamou a atenção foi, primeiramente, o cenário envolvido: a ditadura (não é?) e, depois, por me fazer refletir sobre o que move uma paixão e a pensar: como o amor se perde?
    Talvez seja como você disse: "o que movia nosso amor era aquela sensação extasiante de se amar mesmo na dor". A pura adrenalina, o correr riscos. Esse amor se perdeu porque seu combustível não era uma pessoa em si. Ele somente se prendeu a um "passado memorável".

    Beijos ;)

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  4. Não sei se foi o enredo, o sentimento ou o contexto, mas eu reli essa história 3 vezes, acho que a adrenalina esquenta os corações e aumenta a intensidade dos sentimentos, ou é o tempo que trata de apagar o fogo que faz a paixão arder.
    ' amantes presos a um passado memorável.'

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  5. Criei uma página com meus blogs preferidos no nova perspectiva e o seu está lá! <3

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  6. Oi,passando para visitar e dizer que te segui no We heart (;

    Bjooos

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  7. Olá Ana Paula,

    Boa tarde! Hoje, estou aqui para pedir seu apoio.
    25 de novembro. Poucos têm conhecimento da importância dessa data.
    Por favor, tire cinco minutos apenas e abrace essa causa! Visite meu espaço e deixe sua solidariedade.
    Por uma vida sem violência! Temos nossas palavras, vamos usá-las juntos!

    http://camillacris.blogspot.com.br/2012/11/a-mulher-que-colecionava-naos.html

    Obrigada!
    Camila Gomes

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  8. Amei o texto, um daqueles amores que nasceram com prazo de validade por terem motivações também temporárias...
    Um amor do passado, e duas pessoas que presas a esse tempo, não conseguem construir um novo amor pro futuro...

    http://cacatuasnaochoram.blogspot.com.br/

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