Os dias passaram e a dor não cessou.
Continuou a perturbar-me incansavelmente, porém agora eu estava em desvantagem.
As palavras em minha alma haviam secado e virado pó, assim como as folhas deste
outono. Eu podia ver a mim por dentro como quem olha um pote de vidro, podia
ver minha mente se contorcer, revirar, sofrer, tudo em silêncio, como um filme
mudo do qual apenas as expressões corpóreas são capazes de dizer algo. A mim cabia
tentar se auto ajudar, trazer o fôlego intenso que oxigenaria minha sensibilidade
à escrita.
Durante estas semanas me auto
flagelei, adquiri o pensamento de que, “Se for pra escrever qualquer coisa eu
prefiro não escrever” e isto foi o grande bloqueio entre minha mente e minha
alma, o elo que havia foi brutalmente interrompido e meus dias passaram a ser o
reflexo daquelas almas incolores como as que vejo em meu dia a dia. Eu havia me
tornado um deles sem que percebesse.
Um único pensamento já foi o suficiente,
cobrava de mim uma inspiração magnífica, mas nem a mais singela e simples
encontrava. Não era só em relação à escrita como um hobby, mas também como
dever, como expressão de pensamentos para a grande seleção, como a redação.
Fugiu-me toda a forma, todo o vocabulário, toda a voz.
Cansada estou de lutar sem voz,
de me afogar sem que eu mesma me salve. Não há ajuda externa que possa fazer
algo sem que primeiramente eu faça. Preciso voltar a beber desta água que
irriga minha sensibilidade, preciso encontrar a luz no fim deste labirinto para
que eu possa voltar a ver nitidamente. Só espero que no fim deste abismo haja um
rio que amorteça minha queda e possibilite meu retorno a terras firmes e já habitadas.
Mas meus olhos já podem ver um
ponto iluminado no fim deste corredor escuro, cabe a mim os passos largos e
acolher em meus braços o que tanto me fez falta: a escrita.
Ana Paula Ribeiro
É tão angustiante quando estamos em momentos como este. Eu fico paralisada em relação ao sentimentos, agonias e palavras que suplicam por serem escritas e que não conseguem chegar de uma forma exata no papel.
ResponderExcluirAinda bem Ana, que até mesmo os momentos de bloqueio nos inspiram. Pois tuas palavras foram inspiradoras e cheio daquele sentimento que faz de nós blogueiros serem únicos.
Adorei, parabéns. ♥
Feliz dia do blogueiro, amiga! :)
ResponderExcluirFica bem!
http://atetocar-oceu.blogspot.com.br/
Você escreve muito bem, parabéns =D
ResponderExcluirhttp://clichefeminine.blogspot.com.br/
AAh... Eu sei bem o que é isso, por isso não me cobro. Já quis parar de escrever e desisti, desde então tenho ficado mais leve. Se vier a inspiração, bem. Se não vier, bem também. Um beijo, querida. :* ♥
ResponderExcluirQue palavras tocantes :) adorei!
ResponderExcluirmuito lindo seu texto! parabens
ResponderExcluirQue texto maravilhoso. Acho que o primeiro passo pra superar a dor, definitivamente, é parar de sentir pena da gente. E depois se ocupar com coisas que nós amamos, pra esquecermos momentaneamente dos machucados. Aí um belo dia a gente acorda... E não dói mais. :)
ResponderExcluir:*
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