Meu sei-lá-o-que pessoal


Se ontem os dias corriam emaranhados, hoje são lentos. Estou a beira do tudo ou nada e meus olhos lacrimejam essa vontade de entender a mim mesma, entender do que preciso para explodir sentimentos pelo fato de o que desejo esta se realizando.
Quando olhei para as estrelas elas não estavam lá, uma neblina deixava a vista apenas o frio e a lua. Não está sendo suficiente. Estou simplesmente deixando os dias passarem da forma que quiserem, estou delegando a quem quiser momentos felizes. Mas tudo tá tão lento, tão resolvido, tão vazio...
Só parece surreal. Estes incentivos encorajadores que recebo ao longo dos dias da semana. Estas coisas que se ajeitam perfeitamente para que tudo dê certo. Esta realidade que se aproxima conforme os dias. Esta rotina que se desprende aos poucos de mim como as folhas secas de uma arvore.
Eu sou esta folha seca. Eu me embriago do que ainda tenho. Normalmente o decorrer é comum e promissor, mas estas noites... Ah, elas me enlouquecem com sua confiança suspeita, com o silêncio que nada me diz, e é em teu silêncio que se confunde minha alma.
Minhas palavras mais parecem sem nexo, já que estou refletida nelas. Pareço não ter despertado ainda e estar vivendo um dos sonhos mais longos e mudos que já passei. Pois tudo passa como se fosse um filme mudo. E a voz que eu preciso ouvir não se faz presente.
E dentre estes dedos nervosos em escrever frases que não tem rumo certo minha mente paira sobre o silêncio. É só isso que tenho. É só isso que sinto. Silêncio. Dizem-me o que sempre quis ouvir. Silêncio. Aprontam minhas malas. Silêncio. Ou então me subestimam. Silêncio.
“Por que enchi estas linhas de confusão?” – Pergunta meu inconsciente que tem o que eu procuro, esse sei-lá-o-que. E eu instantaneamente me baseio no que as estrelas poderiam ter me dito e na vontade de me encontrar para um papo casual no fim da tarde, só eu e minha alma. Talvez ela dê uma demonstração da sua linguagem e me faça parar de buscar tanto e simplesmente deixar acontecer – ou me encoraje a buscar este sei-lá-o-que que tá faltando em mim.

Não há como deter a alvorada


Ao som de Partir, Andar.



Dias correm, emaranhados, entre tropeços e conversas que se desencontram. Você me faz parar enquanto o mundo rodopia. Eu percorro dias frios e confusos e a realidade cada vez mais insiste em me fazer despertar da rotina. Quer me despejar. Em algum lugar distante alguém pergunta por mim, dedica uma canção, me enobrece, mas meu coração se diz fechado para visitas.
Não estou alugando palavras, não estou correspondendo a todos. Digo a mim mesma que o tempo tá curto e caro demais pra me dar o luxo de me apaixonar. Você me cativa com tua sensibilidade camuflada. Eu estou me soltando aos poucos ao mundo, não sei entrar por inteira.
Estou diante dessa imensa porta, olhando tudo com meus olhos limitados. Meus passos são lentos mas sinto algo a me empurrar. Seria finalmente a desproteção materna ou então as decisões em minhas mãos? Um soluço inaudível a corromper a silêncio de minha alma enquanto externamente eu me preparo.
Estou prestes a dar a cara para que o mundo me bata, me faça tua, me ensine. Enquanto deixo as palavras ecoarem na vida das pessoas que amo e nas que deixei de amar. Deixo minha limitação para trás, deixo meu passado nestas ruas cotidianas. Deixo teus olhos tristes com saudade do que não aconteceu.
Florescerão coisas novas neste chão que ninguém pisa, os raios deste sol transpassarão pela dura camada que carrego e me tornará nova. Seguirei o rumo que o vento me levar, mas não pra tão distante, pois meu coração permanece aqui.