Dois
reinos a travarem guerras no peito árduo que carrego. O fogo e a água, a
coragem e o medo, a dúvida e a certeza, yin yang. Sou flor de perfume doce e
espinhos a envolver. Sou a cantiga que de bela te faz chorar. Sou a cura e o
veneno, a ignorância e a sabedoria, o tudo e o nada. Não sou mentira que se esconde por trás de
meias verdades, não sou a mania que se adquire conforme a geração que se vive,
não sou dupla personalidade, nem tenho várias faces para apresentar ao mundo.
Um verso
solto
Um velho novo
Um medo
antigo
Um
pensamento incontido.
Sou toda
cores acinzentadas.
Eu não me
vejo uma desvairada que se empolgou nas rimas da vida. Vejo-me apenas como uma
incompreensão natural, um impasse psicológico lispectoriano, uma dúvida certa. Habita em mim todas as formas
possíveis de se pensar, mas na ação sou toda timidez a conter a mente eletrizante
que explode em versos escondidos nas páginas amarelas.
A razão e
o coração que nunca se entendem,
Cada um
com opinião própria,
Cada um
com seu modo de buscar a felicidade.
São dois
cabos principais que estão desconectados.
Tenho
fases como a lua. Irradio luz própria assim como necessito receber a luz dos
outros. Sinto fome, dor, sede, abstinência, carência, desprezo, amor. Sou
quadro abstrato que ninguém entende ou que simplesmente não faz nenhum sentido.
Se hoje te amo amanhã meu sentimento pode não ser o mesmo. Sou simplicidade
complexa, mulher à beça, antiga inocência.
Ela é
atriz que rouba a cena,
Razão e
emoção a travarem guerras,
Apenas
mais uma por aí tentando se encontrar
Enquanto
tantos querem o amor a ela dedicar.
Vejo-me a
todo instante em contradição, hora quero hora não, hora quem diz é a razão,
hora a emoção. De tantos caminhos a escolher, entrei nesse sem saber... Sem
saber que me transformo a cada segundo, que esta incógnita está longe de ser
decifrada ou de tão perto que passa despercebida. E entre tantas pessoas no
mundo, justo a mim coube ser eu.
Tentei, porém ainda acho que há muito a ser dito para que consigam me compreender.