Farewell

"Mudanças. Nós não gostamos delas. Nós a tememos. No entanto, não conseguimos evitá-las. Ou nos adaptamos às mudanças, ou somos deixados para trás. Crescer é doloroso. Qualquer um que te disser que não, está mentindo. Mas aqui vai a verdade: às vezes, quanto mais as coisas mudam, mais elas permanecem as mesmas. E às vezes, às vezes mudar é bom. Às vezes mudar é tudo."
Grey's Anatomy

Assim como em todas as despedidas, meu coração cai em prantos. É duro ter que mudar, ter que abrir mãos de momentos, pessoas que fazem eu me sentir bem, hobbies e um lugar pra desabafar e aliviar o sentimento no peito. Mas é preciso. Assim como as aves em plena mudança de estação estou eu ao constatar que preciso partir de mim mesma.
Anos atrás, me encontrava em meio a uma forte pressão, o peito cheio, prestes a estourar, necessitava de ouvidos que pudessem acalmar com palavras doces e compreensivas. Abandonei aquela garota que guardava tudo pra si e adentrei neste mundo acolhedor, que com o tempo adquiriu um cheirinho de casa. Foi bom estar aqui, e guardarei um pedacinho de cada um, dentro de mim.
Hoje, tomo forças para abandonar e tornar posivel uma nova mudança em minha vida. Com a conclusão do ensino médio e o futuro já decidido, deixo este lugar e todos os demais privilégios, mimos, hobbies e tempos que gasto diariamente na internet. Não está sendo nada fácil, mas na vida precisamos abrir mão de certas coisas para poder conquistar outras.
Aqui então me despeço das pessoas que adentraram em minha vida ao longo deste ano. Estes amigos que me acompanharam,leram minhas dores e de alguma forma compreenderam. A amiga Juliane Bastos, agradeço de coração por todos os momentos de alegria que me proporcionou, os elogios, seu jeito meigo e sincero, confesso que você gaucha me surpreendeu e por isso sou sua fã ete considero uma grande amiga, que mais pareço conhecer a anos.
Eduarda Kohls, minha amiga virtual, que tanto soube da minha vida, tanto me alegrou e comigo passou muitos momentos divertidos e engraçados em chat. Nós que já fomos Fakes e encantamos todos os meninos dos chats do Ares. É, foi lá que nos conhecemos né amiga, e que por acaso o destino nos uniu. Dudinha crazy, você e a Ju são meus motivos pra querem tanto conhecer o Rio Grande do Sul, tchê!
Lauro Ferrero, o suburbano, modelo, maluco, chorão e de humores que rapidamente mudam. Conheci-o em um site de perguntas e respostas e do tanto que ele era religioso resolvi fazer de tudo para ser amiga dele. Tantas coisas se passaram em nossa amizade, brigas, desabafos... Tantas vezes tive que contornar momentos e assumir a culpa em momentos que seu humor traia a si mesmo e descontava em mim, a maluca que te aguentava. Tudo só fortalecia nossa amizade e hoje, a roceira aqui, kk, te agradece por cada momento e sorriso que sem dúvida, foram únicos.
Aos tantos amigos virtuais: Natalia Araújo (a forever alone) que tanto me fez chorar de rir e me inspirou. Iasmin Cruz, Jorge Lima, Pâmella Ferracini, Caroline Araujo, Marcos de Souza, Ste Valin, o Bloinquês em si que me inspirou durante toda minha caminhada no blog e demais blogueiros que me davam apoio, me entendiam, enfim, faziam parte da minha segunda casa, o blogger.
Vocês, seguidores que me acompanharam, entendiam e me fazia a blogueira mais feliz do mundo. Agradeço a todos vocês. Em especial também â Bia que tanto me serviu de inspiração e que ao ler-te parecia um espelho a refletir as minha palavras.
Obrigada blogger, por ter se tornado tão especial e importante na minha vida. Meu bog não será fechado, deixarei-o aberto para quando quiserem voltar e reler minha palavras que talvez tenham te tocado.
Hoje, não dou um adeus, mas sim um até logo a todos vocês amigos e digo que esta despedida não será como as outras, das quais eu voltei. Esta é sim, certa. Espero que compreendam. Talvez um dia um diga algums palavras por aqui, mas não estarei voltando, serão apenas palavras de um coração que sente saudade do quão bom foi este lugar um dia.
E o passo dado é para tornar possivel os planos que fiz para meu futuro. Planos estes que estão me dando esperança. Estou com medo, mas que bom que o tenho, pois isso significa que tenho algo a perder. Estou abandonando os mimos de casa e demais coisas para correr atrás deste curso: Medicina. Quero curar, ser útil, trazer alegria e esperança a quem já não tem. Passar no vestibular de medicina é minha meta e eu sei que ao abrir mão destas coisas, conseguirei atingir e concretizar meu sonho tão recente de ser médica.
A todos desejo um feliz 2012 e que tenham força para correr atrás de seus sonhos e abrir mão das demais coisas. Que sejam abençoados por Deus. Um até logo e obrigada.

" Então é Natal


... a festa cristã, do velho e do novo, do amor como um todo. "


Naquele céu escuro
Uma estrela brilha intensamente
Guiando a quem tinha fé
Pastores se apressavam, alegremente.

Os animais rangiam no estábulo
E enfim o choro da criança inunda o lugar
Segura forte as mãos da mãe
Aquele que confiou nos mistérios
E abraçou a missão de ao filho de Deus, amar e cuidar.

Aquela criança cresceu, salvou o mundo e por ele morreu
E nem se quer reconhecimento obteu,
Lutou porém foi traído e injustiçado,
Tentou converter quem estava cheio do pecado
Curou, aproximou as pessoas de Deus e foi crucificado.

E neste dia tão especial
Possamos lembrar que nasceu e morreu pela humanidade
Está vivo no coração daquele que tem fé
E neste natal cabe a cada um de nós a missão
De anunciar e manter viva a chama do amor e da prosperidade.

Desejo de todo o coração um Feliz Natal a todos vocês. Permitam que Jesus adentre em seus lares e corações e façamos do mundo um lugar melhor.

Edição Poema do Bloínquês.

Mar de verdades





Eu busquei entender como as coisas funcionavam. De início descubro, aquela não era a verdade que eu estava acostumada a acreditar. Analisei, me submeti a testes e passei a desacreditar nas pessoas. Me assustei com o que tinha em mãos, uma verdade explicitamente camuflada. Aquela eram as pessoas, ocultas em suas próprias vidas. Mal começo e logo me interrogo se valeria a pena. Eu não estava para brincadeiras mas o medo me tornava um ser minúsculo e que se aterrorizava a cada monstro. Deixo a água tocar os joelhos e o pequeno vir e ir movimentava as areias abaixo de meus pés. O ser humano então me surpreende e o que eu descobrira até então me dá um golpe de tirar o ar, e diz ao pé do meu ouvido: “garota idiota, não há de querer continuar com isso, eles estão acostumados a mediocridade”. Mas nem sequer a mais dolorosa verdade pôde me conter. Eu queria aprofundar-me e por isso permiti que as aguas escuras tocassem minha cintura. Hoje passo pelos demais e torço que tenham o mínimo de discernimento, tenhas suas próprias escolhas, seus próprios sonhos e a força infinita de alcança-los. Tenham auto-valorização, amor-próprio, e que saibam ao menos que estão errados neste mundo, estão errados no que vivem, sentem, acreditam. Isso bastaria. Então se ao menos um deles ouvissem a minha voz, eu já estaria contente. Fecho os olhos e a correnteza tenta tirar a firmeza de minhas pernas. Eu talvez não seja a mais forte, mas insistirei em manter-me firme no que busco. Sou uma mera adolescente habitada por uma fonte de loucura, ainda rasa. Avisto daqui apenas milimetros deste iceberg, e confesso estar apenas começando. Entrei neste mar escuro e agora, mesmo que pudesse, não sairia. Olho no horizonte e apenas o que vejo é água. Que minha dose de loucura não seja compreendida. Já basta eu a juntar verdades. Torçam apenas para que eu não seja engolida por este traiçoeiro mar de nós mesmos.

A única lembrança

Minha boca tremia, e eu mal tinha começado a sessão. Uma movimentação de enfermeiros através do vidro da sala me distanciava do mundo, das pessoas, da vida. Meu corpo estava esgotado e o ultimo fio de cabelo já havia caído como sinal de fraqueza. A oncologista entra na sala e começa a colocar todos aqueles fios novamente em meu corpo. A dose exata para complementar minha depressão esta prestes a ser despejada sobre meu seio direito. Eu não me alimentava bem mais, meus olhos fundos denunciavam as noites mal dormidas e as rugas, a ação do tempo. Eu nem sequer tinha quem me amparasse naquela terra paradisíaca, mal eu sabia falar o idioma. E enquanto a médica iniciava a sessão, fecho meus olhos e lembro-me com muita dificuldade do dia que coloquei meus pés nesta terra. Do que passou eu apenas lembrava que havia vindo para ali para viver um “amor de adolescente” mas que o tempo roubara o homem que tornaria aquele sonho possível. A vida havia tirado-o de mim durante um acidente nas montanhas das Ilhas Mauritius e assim fiquei só, sem poder voltar e arrumando um emprego qualquer em uma lojinha de produtos locais. Mas aí o tempo me trouxe um novo desafio e que de início acreditei ser forte, mas que a longo prazo me desmotivou e entristeceu. E se não fosse a minha perda de memória devido a idade, estaria vivo todos os instantes que passei ao lado daquele que deveria estar aqui, me amparando, mas que de meu coração não foge e não perde espaço. Apenas durante uma tarde recente, a lembrança dele se fez viva em mim. Estava eu a cultivar as já murchas flores do nosso quintal, que a tanto tempo eu não visitava. Quando a brisa leve traz um sussurro tímido que adentra meus ouvidos e se instala na minha memória. Era ele, como em espírito a dizer-me: “Não tenha medo, eu estou aqui, e sempre estarei. Você nunca estará sozinha. Eu te amo Clarice.” meus olhos transbordam em lágrimas e sinto um leve tocar de lábios nos meus. E então, aquela era a única lembrança que eu tinha do amor da vida, o homem que me trouxera até ali e que prometera nunca me abandonar. Agora, ali eu me encontrava naquela sala em busca da cura daquele agressivo câncer que me destruía aos poucos, e que não mais me trazia expectativa. Para mim, curar-se traria um resto de vida usufruindo daquele lugar paradisíaco, mas morrer... Ah morrer, tornaria possível o meu encontro eterno com o meu amor.


Conto escrito para a 95º Edição Conto/história do Bloínquês.